Outro dia conversando no msn, alguém me veio com esse papo de abajour.
No início fiquei meio perdida e sem saber muito o que ela queria dizer. Mas os dias foram se passando e a Bia ainda continuava 'com a cabeça no abajour' ou seria o contrário?
Bem, nesse caso em particular, tanto faz quem é objeto e quem é o possuidor. O "X" da questão está muito além das definições.
E eu que me colocava acima de quaisquer possibilidades.
Vulnerabilidade era algo fora de cogitação. Sim, porque a última coisa que eu imagina, era ser pega pelo 'vírus abajour'.
E não demorou muito. Não apenas fui contaminada, como agora faço parte do percentual de desafortunados amorosos em estado de observação.
Daí meio apreensiva, procuro a amiga do outro dia, e falo:
_ Bia, diagnostiquei a causa da minha patologia(amor emperrado).
Descobri a natureza do vetor transmissor, e se trata de um abajour.
o que eu faço agora???
Eu não conheço muito sobre a Bia, apesar de eu admirá-la já algum tempo.
Mas aprendi a confiar em quase tudo o que ela diz.
E não por comodismo, deslumbramento ou qualquer outro motivo. Acho mesmo que diferente de muita gente que se julga os 'oráculos da psicologia', ela fala com propriedade do que sente, e vivencia na pele.
Eu sempre preferi acreditar nas experiências por empirismo. O que torna a teoria bem mais aceitável e por conseguinte, menos utópica ou surreal.
Conversar e trocar idéias com a Bia me faz um bem danado. Ela mais parece um dicionário de tocos, que um ser humano normal. Pois é, eu aprendi a colecionar 'ré(s) com ela! hehe [brincadeirinha]
A parte a graça supracitada, ela tem me ensinado muito sobre a filosofia do pragmatismo. E desde então, passei a enxergar a utilidade prática e objetiva das coisas.
Não sei se isso é bom ou ruim. Visto que, definições(pontos de vista) se tornam tão relativos e quase sempre arbitrários.
Tenho aprendido a lidar com dicotomias, sejam elas quais forem. E o que pode parecer opcional pra alguns, se torna instinto de sobrevivência pra outros.
Conversamos por quase uma semana.
Não estou certa de que a Bia tenha me ensinado tudo sobre os abajours. E como ela mesma diz, eles são demasiado tontos. Nunca sabe-se ao certo o que esperar deles.
Assim sendo, não dá pra prever qualquer situação. Esteja preparado pra tudo! Uffa..
Como eu cheguei a conclusão tão mirabolante?
simples: o ser me liga do nada ontem, e me procura sempre com as mesmas justificativas sem muito nexo. Pera lá, estou sendo por demais generosa, sem sentido algum. Daí eu pergunto:
_ É ponto continuado?, reticências?, ponto-e-vírgulas seguidos de exclamações pelo menos??
Não!!
Ele sequer sabe as regras de pontuação.
É incapaz de usar bem um travessão. Porque quando o faz, é uma lástima. Põe a perder todo o discurso. E aí, adeus teoria da comunicação!
Desligo o celular e vou chorar pitangas pra Bia, ao que compassada e seguramente me diz:
_ É querida, não tem mesmo outro jeito. SIGA O SEU CORAÇÃO, MAS NÃO O MALTRATE!
Depois disto, fui dormir com a bendita frase da Bia martelando no meu subconsciente.
Contei bem umas três gerações de carneirinhos, e o espectro da insônia ainda me rondava. Até que liguei a tv e decidi ver filmes melosos, com teor de romantismo além do aceitável.
Pronto, bastaram alguns minutos e dormi como uma pedra.
Contraditoriamente, acordei como uma pluma. "Tão leve, que não levo padecer" como diz a Marisa em 'O Bonde do Dom'.
Pássaros cantando na minha janela, uma cena linda de se ver.
E eu até resolvi ir correr. [Em homenagem a Bia, hehe]
Voltei como há tempos não me sentia..
De posse de uma leveza indescritível; com um sorriso largado na cara e sem muita realidade nas mãos.
O que eu quero da vida?
-Tudo!
Porque o bem e o mal não estão tão distantes. Eles coexistem, paralelamente. E um não existe sem o outro.
Estão no mesmo plano, e andam sempre de mãos dadas!!
E quanto ao abajour?
_Ponto final. Decidido e irrevogável.
Profilaxia: superdosagem de pragmatismo no ego.
Efeito: a cura, ou o óbito por envenenamento!