quinta-feira, 9 de abril de 2009

Recontando Shakespeare!


SINOPSE: A história do anime se passa na cidade Neo Verona, onde a família Montecchio chegou ao poder e governa absoluta depois de matar todos os integrantes da família Capuleto. Bem, todos não. A pequena Julieta consegue sobreviver e não se lembra do seu passado, e até os 16 anos tem que viver escondida como menino, inclusive adotando outro nome, Odin, junto com alguns artistas de teatro. No entanto, Julieta tem um senso de justiça muito forte e se transforma em uma espécie de justiceiro, o Redemoinho Vermelho, protegendo os mais fracos.
Certo dia, Julieta é levada por engano ao baile oferecido pela família Montecchio e lá conhece Romeu, herdeiro da família. A partir daí, os jovens se apaixonam e terão que enfrentar todos os obstáculos para viver esse amor proibido.


ver trailler:



O Clássico Romeo and Juliet by William Shakespeare [do original] tem sido encenado desde os tempos mais remotos e por diversas companhias de teatro desde a sua publicação (1591-1595). O texto conta a saga de um amor proibido pelo ódio entre duas famílias italianas rivais.

Apesar de se tratar de uma tragédia, a história de amor de Romeu e Julieta é considerada como o arquétipo do amor juvenil, onde o mocinho e a donzela são aflingidos por um vilão rude e cruel. Caracterizando dessa forma o modelo de romance ideal dentro de um enredo engessado, com padrões de moldes definidos, ou preestabelecidos.

Muitas adaptações cinematográficas foram feitas, algumas fogem o texto original, acrescentando ou retirando cenas, recriando outras possíveis
, a fim de garantir uma maior interatividade com o público, etc. Essa adaptação da obra Shakespeareana pra desenho animado me chamou atenção em especial, pelo fato de ela ser totalmente contrária a proposta original, ou seja, o autor conta a história invertendo os papéis dos personagens.


Aqui algumas das minhas cenas preferidas do texto original, uma versão traduzida para o português:


Romeu: "Ela não se deixa atingir pela seta de Cupido. Possui a sabedoria de Diana e, protegida por uma castidade bem armada, vive fora do alcance do infantil e débil arco do amor." [ATO 1º, cena I]

Romeu: " Com as leves asas do amor transpus estes muros, porque os limites de pedra não servem de empecilho para o amor. E o que o amor pode fazer, o amor ousa tentar." [ATO 2º, cena II]

Julieta: " Oh! não jures pela lua, a inconstante lua que muda todos os meses em sua órbita circular, a fim de que teu amor não se mostre igualmente variável." [ATO 2º, cena II]



Frei Lourenço: " A própria virtude se converte em vício, mal aplicada e, às vezes, o vício se dignifica pela ação. Dentro do terno cálice desta débil flor residem o veneno e o poder medicinal. Por isto, sendo aspirada, deleita a todos e cada uma das partes do corpo, sendo provado, porém, destrói o coração e todos os sentidos. Assim, dois reis inimigos acampam sempre no homem e nas plantas: a benignidade e a malignidade, e quando predomina o pior, imediatamente a gangrena da morte devora aquela planta." [ATO 2º, cena III]

Frei Lourenço: "Oh! ela bem sabia que teu amor lia de cor, sem haver aprendido a soletrar." [Ato 2º, cena III]

Senhora Capuleto: "Um sentimento moderado revela amor profundo, enquanto que, excessivo, indica insensatez." [ATO 3º, cena V]



"...Quando fala o amor, a voz de todos os deuses deixa o céu embriagado de harmonia..." [ Shakespeare ]



Romeu:
"Enforcai vossa filosofia! A não ser que a filosofia possa criar uma Julieta, transportar uma cidade ou derrubar a sentença de um príncipe, para nada serve, nada vale." [ATO 3º, cena III]


Julieta: "Oh! Fortuna, Fortuna! Todos os homens te chamam de inconstante. Se tu és inconstante, que tens a ver com ele, afamado por sua fidelidade? Sê inconstante, Fortuna, porque então, segundo espero, não o reterás muito tempo, mas o restituirás breve a meus braços." [ATO 3º, cena V]



quinta-feira, 2 de abril de 2009

Ela (efeito pavio) + Fuleragem alheia = Pragmatismo sentimental.


Aritmética com físico-química aplicada, resulta em síncopes de insights indesejáveis! :(



Outro dia ainda e não muito distante, ela sorria. Fora sempre assim. Inconstante de alma e espírito, capaz de sentir um misto de tudo em flashes cronométricos de segundo.
Certa vez leu alguém se definir da seguinte forma: "sou uma reação química de combustão espontânea", esta frase, assim como outras tantas pérolas por este proferidas, nunca lhe saíram da cabeça, talvez por se ver exatamente igual.
Quimicamente, uma reação só ocorre quando uma substância reagente promove mudança(s) na estrutura da matéria de uma outra, e isso se dá de várias formas. Seja por síntese (quando as substâncias se juntam formando uma nova), por decomposição (o inverso da síntese, ou seja, os reagentes produzem produtos mais simples que eles), por deslocamento (quando elementos mais fortes atraem outros) e por fim, a reação de dupla-troca, (algo mais específico, que acontece somente com produtos insolúveis, resultando em sais + H2O, vulgo água)
Ela não é nenhuma expert em físico-química, apesar de já ter pago algumas disciplinas na faculdade. Ainda assim, e não precisa ser nenhum perito no assunto pra saber que o processo de combustão ou queima, se dá por meio de uma reação química exotérmica, na qual uma substância ideal (o combustível) reage com um gás (o comburente), afim de liberar calor.

Mas o que esses processos científicos tem a ver com o seu estado atual?
_Tudo!!!
Ela está em chamas!
Chamas que não as consome fisicamente, mas por dentro!
Chamas de decepção, de entrega vã, lapsos sentimentais variados, desejos retraídos, entre outros mais..

Impossível calcular o tamanho do estrago quando não se está completamente sóbrio. É comum nos setirmos assim quando estamos envoltos num emaranhado de sentimentos indefinidos, fluidos e porque não dizer mesquinhos?!
Quando se está no cume do Everest, o frio não importa muito, e a possível probabilidade de uma queda também não.
Oras, você está no ponto mais alto! E quando se pensa que não há mais para onde subir, é inevitável não querer tocar as estrelas.

Depois disso tudo, se conclui que a nossa vida é um grande laboratório estequiométrico. E isso implica que "reagimos" o tempo todo!
Quando coisas boas nos acontecem ou pessoas maravilhosas cruzam o nosso caminho, temos reações por síntese, um somatório.
No momento em que a relação está desgastada, a amizade acabou e o respeito já não existe, a ruptura é irrevogável e as substâncias seguem "carreira solo", como numa decomposição.
O instante em que nossos sentidos são arrebatados, e perdemos a noção de tempo e espaço nos entregando a uma paixão avassaladora, caracteriza uma reação por deslocamento.
Agora, quando a relação já não é mais de dupla-troca ou reciprocidade, as substâncias se separam e procuram seus iguais, produzindo SAIS + ÁGUA= LÁGRIMAS!!!

Estamos sujeitos à colisões, por isso agimos e REAGIMOS. Eis a lei da física: toda ação corresponde a uma reação de igual módulo, força e intensidade.
Não é preciso compartilhar das teorias de Newton pra concordar que quem bate, deve levar o troco, ou que é no mínimo merecível tratar com desdém quem tanto lhe esmurrou.

Em suma, uma boa overdose de pragmatismo sentimental no ego é mais do que suficiente pra se refazer, pra reanimar os músculos da auto-estima, os órgãos vitais do amor-próprio e as vísceras da dignidade! ;)