terça-feira, 30 de setembro de 2008

Before Sunset

Longe de mim julgar-me capacitada para tecer algo que se iguale às pérolas Shakespeareanas, eis portanto, uma tentativa frustrada de soneto.




A aurora anuncia o Crepúsculo.
Ei-o ao longe minúsculo;
O astro rei se despedir no horizonte,
Caindo por detrás do monte.


Uma névoa cobre-o como manto,
Finalizando nobiliárquico ofício santo:
Que é o de tecer a alvorada,
E o de trazer também a noite esperada.

Quando ele paira nas nuvens gigante,
Eclode em meu peito o amante,
De um sentimento amiúde e singelo.

E os sentimentos que adormecem ao pôr-do-sol,
São os mesmos que me norteiam a um farol,
Pra que a minha nau aporte em teu cais.


quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Botânica à la ZD

"Flores para quando tu chegares, para quando tu chorares, uma dinâmica botânica de cores, para tu dispores pela casa." - [FLORES/Zélia Duncan]



Há os que digam que pessoas são músicas. De melodias marcantes, arbitrário campo harmônico , ritmos váriaveis e ainda assim peculiar, algo do tipo hors-concours.
Acredito que uma outra possível comparação seria a de 'botanicalizar' as pessoas..
Há aquelas de espécie sui generis, orquídeas exóticas e a última de seu clã.
Há outras igualmente belas, mas sem tantos atrativos. O 'sem atrativos' aqui deve ser entendido como as caracterísitcas inerentes de uma planta, ou seja, sua beleza externa é incoerente com sua funcionalidade botânica, que deveria ser a de abrigar pequenas espécies de insetos.
Há também as comuns, que possuem cores diversificadas e exalam perfume agradável. Contudo, elas não se destacam das demais, estão alí somente para compor um cenário florido, como peças (propriedade) de um jardim qualquer.
Há um tipo perigoso, cujos espinhos não são aparentes. Essas costumam ser atraentes, mas misturada a clorofila, corre seiva danosa! trata-se de uma espécie carnívora.
Assim, seja lírios, jasmin, bromélias, violetas, orquídeas, rosas ou girassóis.. não importa a espécie, a cor ou tamanho; o que importa é que exales teu perfume e tua beleza por onde quer que passares. E as mãos que te tocarem sem que teus espinhos as firam, te acolherá. E mesmo quando as ferires, se teu perfume for de boa fragância, certamente não serás lançada fora.
Mas se ao invés de flores, fores urtiga, obviamente serás rejeitada. Ou se ainda te passares por uma lótus silvestre, sendo nada mais que apenas vislumbre, não demora muito e tuas flores murcharão.
Porque o que é verdadeiramente belo, o tempo se encarrega de mostrar paulatinamente, enquanto que o frívolo abraça a efemeridade.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Esmiuçando Marisa.

Marisa metaforizada + Marisa metaforizante = a Marisa metalinguagem!

"..fico tão leve que não levo padecer." - [O Bonde do Dom]



Outro dia enquanto sofria de abstinência cognitiva, tive de procurar uma trilha para acalmar minha nostalgia por síndrome de hiato criativo. Foi então que recorri à discografia de Marisa Monte.

Marisa, a carioca, grande diva da MPB, música pop e samba de raiz, chega a comover-me com a complexidade e magnitude de suas letras.

Seus processos criativos chegam a ser tão intensos, que ouço a mesma música centena de vezes sem conseguir digerir com completude a exatidão de seu real significado.

Penso que a redundância adjetiva em se tratando de Marisa, seja inevitavelmente proposital. Uma vez que suas construções são verdadeiros enigmas. Talvez, um emaranhado de idéias que se desencadeia como produto de um código bastante peculiar.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

My lovely doctor.

"We are such stuff as dreams are made on."
(William Shakespeare)

meus outros 50% - e a IMPERFEIÇÃO mais PERFEITA de todas!

***

Sou de Marte. Ele de Vênus.

Eu, uma reação divergente de ácido sulfúrico. Ele, balanceamento molecular de bases nitrogenada.

Sou metade razão e a outra metade também, quase sempre racional. Ele é emotivo, a excêntrica personificação do sentimentalismo.

Prefiro dia chuvoso a ensolarado. Já ele, prefere resquício de primavera num belo dia de sol.

Tenho em mim todos os sonhos do mundo, mas é ele quem os realiza.

Eu toco violão e ele quem canta pra mim.

Enquanto malho o cérebro com metáforas vãs, ele se preocupa com a aparência, e não que precise muito disso, sem tantos esforços, ele ainda consegue ser o mais encantador dos seres. Dentre as tantas nuances, possui a mais terna de todas, o cárater.

Dono de um sorriso fascinante, e um olhar perspicaz, hora age como uma alma cândida, e noutra, como um indomável inconseqüente. É persuasivo por natureza, adorável admirador do acaso, de sensibilidade aguçada, à flor da pele. Simples como uma valsa, apaixonante como um tango e pleno como o bolero. Um milk-shake peculiar de auspiciosa autenticidade.

Sou de poucos e bons amigos. Ele é diplomático, um verdadeiro relações públicas.

Adoro comédias, e gosto de vê-lo, sobretudo, numa crise incontrolável de risos. Em vez disso, ele prefere meu outro lado sentimental, fazendo tipinho romântico apaixonada.

Não tenho em mim qualquer pretensão de conquistar o prêmio Nobel. Enquanto isso, ele mais parece um megalomaníaco profissional, que inconformado com a rotina, vive num eterno carpe diem sem fim. E com os mesmo brios de outrora, busca excelência e satisfação como metas incontestavelmente inatingíveis.

Por fim, sou eu quem estuda Humanas, e é ele quem faz algo pela humanidade! :)

terça-feira, 2 de setembro de 2008

A NÁRNIA inside of me!

"It was once two girls and two boys: Susan, Lucy Pevensie, Peter and Edmund. This history in the bill something that happened them during the war, when they had to leave of London, because of the aerial attacks. They were the mischievous four to an old teacher's house, in the middle of the field, to fifteen kilometers of distance of the railroad and the more than three kilometers of the agency of mail closer." (C. S. LEWIS)
***


Adormeci e sonhei que estava em Nárnia. Tal como no filme, nevava e podia sentir a magia do lugar através de flocos de neve que caia sobre meu rosto.

O gelo nem sempre é sinônimo de ausência de calor, distância e hostilidade, uma vez que é a queda de temperatura que faz com que surja a necessidade de aproximação dos corpos. Assim sendo, não existiria calor, sem o frio, a primavera sem o outono e o verão sem o inverno.

Nós, adultos reprimidos e frustrados, já não acreditamos mais em contos de fadas ou abstrações surreais, preferimos uma boa dose de cálculos, lógica e construções dotadas de certa previsibilidade.

É na infância que se desenvolve a magia da criatividade, a ebulição dos sonhos mirabolantes e a invenção de lugares fantásticos. Não que seja impossível ao adulto voltar à “terra do nunca”, mas isso exige dele muito mais que um mero “Peter Pan” numa eterna fantasia de ‘adulto infantilizado’.

Em Nárnia o céu é uma extensão do infinito e ele não se limita a atmosferas. É como se pudéssemos tocar nos astros e estrelas, ou pegar carona num cometa. Os oceanos em Nárnia têm água doce, o que implica que nascentes e afluentes, córregos e lagos, todos possuem a mesma essência.

A relva de Nárnia é um lindo verde embranquecido pela neve, composto por bosques e árvores milenares, não há desmatamento e os animais convivem em pura harmonia, como se não houvesse extinção de espécies e nem alteração na cadeia alimentar.

Plantas e animais conversam com humanos. Os seres mitológicos também ganham vida, e tornam-se tão reais quanto suas crenças.

De repente me reconheci nos quatro personagens: na coragem de Lúcia Pevensie, que tudo ousava, numa ânsia desenfreada de satisfazer suas curiosidades; na gentileza de Susana, que superprotegia seus irmãos, tomando para si as responsabilidades de sua mãe enquanto esta estava longe; na fraqueza de Edmundo, quando corrompe sua moral, vendendo-se por manjares e traindo seus irmãos; ou no genuíno arrependimento em que doa a vida em favor de seu irmão. E por fim, na magnificência de Pedro, que apesar de não ter compreendido Edmundo, concedeu-lhe muito mais que o perdão, confiando-lhe parte de seu exército.

O Sul de Nárnia é delimitado por montanhas, no extremo norte fica o Éden e nos limites laterais de Leste e Oeste, ficam as divisões entre o velho e o novo mundo. O que divide o centro de Nárnia, é um velho poste com uma lamparina sempre acesa, ela nunca se apaga e está sempre no mesmo lugar, significando os sonhos e a esperança.

O tempo em Nárnia não passa da mesma forma que em nosso mundo. Em geral ele passa muito mais rápido, e quando ‘saímos do guarda-roupa’ ou voltamos ao nosso mundo, é como se não houvesse passado tempo algum. A idéia de que o tempo passa de maneira diferente em locais diferentes nos remete a Teoria da Relatividade de Albert Einstein.

O mundo de Nárnia é uma extensão da nossa psique. Uma terra desconhecida, e desabitada, cabendo a nós desbravá-la e coabitá-la de sonhos e fantasias.

Existe sempre uma Nárnia dentro de cada um de nós, um coração velho e fechado como um guarda-roupa, numa sala vazia. Portanto, encontre o caminho de volta a si mesmo. Torne-se criança outra vez, siga seu coração e hás de encontrar uma floresta encantada onde reluz indubitavelmente, teus sonhos mais adormecidos.

When the love happens..

..until the Modern ones, they surrender to the Baroque way of loving!
" O AMOR É O EMBATE EM QUE NÃO SE PERMITE ARMADURAS. UM DUELO DESIGUAL E AO MESMO TEMPO JUSTO, DEPENDE DE QUEM MANUSEIA A ESPADA!" (me)


SONNET 116 - WILLIAM SHAKESPEARE (1564 - 1616)
Let me not to the marriage of true minds
Admit impediments. Love is not love
Which alters when it alteration finds,
Or bends with the remover to remove:
O no! it is an ever-fixed mark
That looks on tempests and is never shaken;
It is the star to every wandering bark,
Whose worth's unknown, although his height be taken.
Love's not Time's fool, though rosy lips and cheeks
Within his bending sickle's compass come:
Love alters not with his brief hours and weeks,
But bears it out even to the edge of doom.
If this be error and upon me proved,
I never writ, nor no man ever loved.
***
[TRANSLATION BY BÁRBARA HELIODORA]
De almas sinceras a união sincera
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.