sábado, 24 de abril de 2010

Lovely Lily,

"Jogado aos teus pés
Com mil rosas roubadas
Exagerado
Eu adoro um amor inventado
".








_ Que exagerada você!

_ Eu? Oh sim, sou Cazuza de ponta a ponta.

Nossas conversas todas se resumirão em um único ato, e não que ele seja reducionista. Porque na verdade não o é.

Há uma implicatura muito maior nisso tudo, e nem mesmo nós sabemos.
Apenas sentimos.

E esse sentir é muito mais palpável do que qualquer teoria que possa ser explicada.


* * *

segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Terceira Margem.

"Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas
Que já tem a forma do nosso corpo
E esquecer os nossos caminhos que
nos levam sempre aos mesmos lugares
É o tempo da travessia
E se não ousarmos fazê-la
Teremos ficado para sempre
À margem de nós mesmos"


(Tempo de Travessia, by Fernando Pessoa.)




TRILHA SONORA: Maria Gadú - "Lanterna dos Afogados"


O dia: fim de tarde de um Sábado sem tantas pretensões.
O instante: de céu parcialmente nublado.
Oportunamente, alguém lia pra mim.
E enquanto isso..
Eu venerava do alto da minha janela, a chuva que tocava o asfalto.

_ hey pequena, o que fazes aí?
Queres contrair um resfriado?
O que há de tão especial nessa janela?

Eu nada sabia responder,
mas continuava, a olhar.
Assim, enamoradamente...
Porque a chuva que caia sobre o asfalto, não era a mesma. Embora o ciclo da água se refaça.

Eu cogitava no que pensava o poeta, ao escrever Tempo de Travessia.
Quantos dissabores teria tido o Pessoa, para escrever poema tão distinto?
Não dizem que as pérolas são produzidas a partir da dor, no momento em que pequenos grãos de areia ferem o interior das ostras?!

Pois então. Se é a dor que nos aperfeiçoa, que seja bem-vinda!
Mas onde fica a terceira margem?

Desde sempre vivemos nossas dicotomias.
E quando não aportamos à margem da direita, o fazemos à esquerda.
A terceira opção sempre esteve além do dimensional.
Ainda que não seja possível aportar seguramente nessa terceira margem, todos criamos uma, em algum momento de nossas vidas.
E por mais abstracional que ela seja, é ela que desejamos! Simplesmente porque as outras são tão previsíveis quanto morrer afogado, tentando nadar contra a correnteza.

Já não quero mais caminhos sempre trilhados;
Já não tomo mais atalhos retomados;
Mudar é preciso!

Ou vivo o espectro das incertezas, das desilusões frequentes; da esperança mórbida de um 'cais fantasma, de lugar nenhum'.
Ou, me lanço ao novo. Assim, como se nunca tivesse tido passado, e nem mesmo futuro. Porque é de presente que se vive!

E se existe mesmo uma terceira margem..
ah, eu quero encontrar a minha!!! ;)