Adormeci e sonhei que estava em Nárnia. Tal como no filme, nevava e podia sentir a magia do lugar através de flocos de neve que caia sobre meu rosto.
O gelo nem sempre é sinônimo de ausência de calor, distância e hostilidade, uma vez que é a queda de temperatura que faz com que surja a necessidade de aproximação dos corpos. Assim sendo, não existiria calor, sem o frio, a primavera sem o outono e o verão sem o inverno.
Nós, adultos reprimidos e frustrados, já não acreditamos mais em contos de fadas ou abstrações surreais, preferimos uma boa dose de cálculos, lógica e construções dotadas de certa previsibilidade.
É na infância que se desenvolve a magia da criatividade, a ebulição dos sonhos mirabolantes e a invenção de lugares fantásticos. Não que seja impossível ao adulto voltar à “terra do nunca”, mas isso exige dele muito mais que um mero “Peter Pan” numa eterna fantasia de ‘adulto infantilizado’.
Em Nárnia o céu é uma extensão do infinito e ele não se limita a atmosferas. É como se pudéssemos tocar nos astros e estrelas, ou pegar carona num cometa. Os oceanos em Nárnia têm água doce, o que implica que nascentes e afluentes, córregos e lagos, todos possuem a mesma essência.
A relva de Nárnia é um lindo verde embranquecido pela neve, composto por bosques e árvores milenares, não há desmatamento e os animais convivem em pura harmonia, como se não houvesse extinção de espécies e nem alteração na cadeia alimentar.
Plantas e animais conversam com humanos. Os seres mitológicos também ganham vida, e tornam-se tão reais quanto suas crenças.
De repente me reconheci nos quatro personagens: na coragem de Lúcia Pevensie, que tudo ousava, numa ânsia desenfreada de satisfazer suas curiosidades; na gentileza de Susana, que superprotegia seus irmãos, tomando para si as responsabilidades de sua mãe enquanto esta estava longe; na fraqueza de Edmundo, quando corrompe sua moral, vendendo-se por manjares e traindo seus irmãos; ou no genuíno arrependimento em que doa a vida em favor de seu irmão. E por fim, na magnificência de Pedro, que apesar de não ter compreendido Edmundo, concedeu-lhe muito mais que o perdão, confiando-lhe parte de seu exército.
O Sul de Nárnia é delimitado por montanhas, no extremo norte fica o Éden e nos limites laterais de Leste e Oeste, ficam as divisões entre o velho e o novo mundo. O que divide o centro de Nárnia, é um velho poste com uma lamparina sempre acesa, ela nunca se apaga e está sempre no mesmo lugar, significando os sonhos e a esperança.
O tempo em Nárnia não passa da mesma forma que em nosso mundo. Em geral ele passa muito mais rápido, e quando ‘saímos do guarda-roupa’ ou voltamos ao nosso mundo, é como se não houvesse passado tempo algum. A idéia de que o tempo passa de maneira diferente em locais diferentes nos remete a Teoria da Relatividade de Albert Einstein.
O mundo de Nárnia é uma extensão da nossa psique. Uma terra desconhecida, e desabitada, cabendo a nós desbravá-la e coabitá-la de sonhos e fantasias.
Existe sempre uma Nárnia dentro de cada um de nós, um coração velho e fechado como um guarda-roupa, numa sala vazia. Portanto, encontre o caminho de volta a si mesmo. Torne-se criança outra vez, siga seu coração e hás de encontrar uma floresta encantada onde reluz indubitavelmente, teus sonhos mais adormecidos.
4 comentários:
não sabia que tu gostavas desse livro não.... gostas também d'O Senhor dos Anéis?
Oi Idel!
Pois é, gosto do irlandês C.S.Lewis sim; a obra THE CHRONICLES OF NARNIA consta de 7 livros. Li alguns de THE LORD OF RINGS, vi os filmes também, até porque eu gostei do BEOWULF, cuja narrativa é bem parecida. :)
pois é, tenho a impressão que os livros Lord of the Rings deva ser até interessante, tenho boas referências a respeito dele. mas em relação ao filme, eu achei uma merda, não gostei mesmo. ahh, uma curiosidade sabia que o escritor de Lord of the Rings é sul-africano?! branco, descendente de ingleses, mas sul-africano... e continua postando sobre literatura e eu continuarei a ler rsrs. só atualiza mais pô.
Thank you Idel.
Yeah, I'll update as soon as possible. See ya! =)
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