sábado, 6 de junho de 2009

The Prehistory of the Mind

título original - The Prehistory of the Mind: A Search for the Origins of Art, Religion, and Science.



Esta obra é um excelente trabalho que propõe o intercâmbio entre várias ciências (Arqueologia Cognitiva, Antropologia, Biologia Evolutiva, História e Psicologia) afim de explicar o comportamento humano desde os primordios.
A Teoria da Evolução de Charles Darwin, apesar de muito estudada, não responde todas as questões. Cada vez mais, os cientistas procuram peças de um quebra-cabeças ainda desconhecido.
Nossos ancestrais e por mais rústicos que fossem, apresentam semelhanças comportamentais bastante intrigantes com a nossa espécie. Isso é facilmente identificado nos artefatos e fósseis encontrados nas escavações de sítios arqueológicos.
Longe do cenário Indiana Jones, o ponto crucial
da discussão, parece mesmo ser The psicological fondations of culture (As bases psicológicas da cultura). Ou seja, a psicologia evolucionista defende a tese de que podemos compreender a natureza da mente moderna apenas se a considerarmos um produto da evolução humana. O ponto de partida dessa argumentação é a mente ser uma estrutura funcional complexa que não poderia ter surgido pelo acaso.



"Mais especificamente, estudiosos argumentam que a mente humana evoluiu sob a força das pressões seletivas enfrentadas pelos nossos ancestrais enquanto viviam como caçadores-coletores nos ambientes do Pleistoceno - os atos e cenas centrais da nossa pré-história. Na medida em que esse modo de vida terminou há apenas uma fração de tempos em termos evolutivos, nossas mentes permaneceram adaptadas à caça e a coleta." (pág.: 68)
A citação acima talvez explique a produção de ferramentas e instrumentos (utensílios de pedra e ossos), as artes rupestres, e os demais vestígios encontrados por arqueólogos e historiadores.
Mas de fato, que semelhanças há entre moderna e a de um neandertal?
"O caráter fundamental da cognição é ela ser holística, o extremo oposto dos sistemas de entrada, que são todos dedicados a lidar com apenas um tipo específico de informação." (The Modularity of Mind; Fodor 1984, p. 4)
Jerry Fodor é um psicolinguista com idéias muito claras a respeito da mente. Propõe que ela deveria deveria ser dividida em duas grandes partes, que chamamos percepção (ou sistemas de entrada) e cognição (ou sistemas centrais). As respectivas arquiteturas são muito diferentes; sistemas de entrada parecem os dispositivos de um canivete suíço, e Fodor os descreve como uma série de "módulos" discretos e independentes, tal qual a visão, a audição, o toque. Fodor inclui a linguagem entre os sistemas de entrada. Em contrapartida, os sistemas centrais não possuem uma arquitetura, ou talvez ela sempre permaneça fora do nosso alcance. É ali que os mistériosos processos conhecidos como "pensamento", "resolução de problemas" e "imaginação" acontecem. É ali que reside a "inteligência".
O uso das metáforas permeia a ciência. Enquanto muitos exemplos são bem conhecidos - o coração é uma bomba mecânica, os átomos são sistemas solares em miniatura -, outros se escondem em teorias científicas, como a noção de "wormholes" na teoria da relatividade e as nuv ens de elétrons na física de partículas. Charles Darwin descreu o mundo valendo-se da metáfora: "um tronco com dez mil cunhas, representando espécies, firmemente introduzidas ao longo de seu comprimento. Uma nova espécie somente pode penetrar nesse mundo apinhado insinuando-se numa fenda e empurrando a cunha para fora." (cf. Gould, 1990,p.229)
A significância das metáforas na ciência, "Metaphor in Science", foi amplamente discutida por filósofos, que reconhecem seu papel crítico não apenas na transmissão de idéias mas na própria prática científica.
Concluindo, a ciência, assim como a arte e a religião, é um produto da fluidez cognitiva. Ela depende de processos psicológicos que originalmente evoluíram em domínios cognitivos especializados e apenas veio à tona quando esses processos puderam trabalhar integradamente. A fluides cognitiva permitiu o desenvolvimento da tecnologia, capaz de resolver problemas e estocar informações , e gerou a possibilidade de usar metáforas e analogias - talvez sua conseqüência mais significativa e sem a qual a ciência não existiria.


2 comentários:

Anônimo disse...

Faz tempo que não venho em seu blog
gostei da dica do livro.

abraço

Shi Oliver. disse...

É, sei como é que é..
Faz tempão que não venho aqui também! hehe ;p

ah, é uma excelente leitura mesmo!
abraço. ;)